quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Navegando na História... e no Egeu!

Como o usual, escrevi durante as baldeações entre destinos. Com a diferença de que desta vez estava em um baita barco de cruzeiro indo para meu último destino, Creta. Então, com um chope de um lado e o Mar Egeu do outro, vamos lá.

Atenas

Minha viagem para Atenas foi bem tranqüila, com uma boa companhia aérea (Aegean). Chegando ao aeroporto, peguei o trem / metrô até o centro, o que demora um bom tanto, pois a viagem é longa. Logo cheguei ao meu hotel que, embora tendo aberto recentemente e com alguns problemas (wireless que não funcionava no quarto, frigobar vazio por falta de licença para venda de bebidas), tinha uma ótima estrutura. Tudo era novo e a cama, uma das melhores que já dormi. Como aqui o fuso horário avançou mais uma hora, já era noite avançada e apenas pedi para entrega um prato excelente de broto de bambu, camarões enormes e três tipos de cogumelos, e fui dormir.

O dia seguinte foi um dos melhores de toda a viagem: o passeio pela parte antiga de Atenas. Aproveitei o fato de este ser o meu primeiro hotel com café da manhã incluído para dar uma forrada (todos os outros tinham, mas pagava separado – e caro!). O hotel ficava bem perto e com dez minutos de caminhada eu já estava à beira da Acrópole. No caminho, passei no Templo de Zeus Olímpio, que já foi o maior de Atenas, mas agora não passa de meia dúzia de colunas ainda de pé. Ali comprei um tíquete integrado para quatro dias que permite entrada nos sítios mais importantes.

Na Acrópole, rodeei toda a colina fortificada, vendo as ruínas anexas, e depois subi até o topo, onde apenas três edificações se mantêm de pé: o portão de entrada, um outro templo e o todo famoso Partenon. Embora fosse onze da manhã e o dia estivesse muito ensolarado, não fazia calor, pois venta muito em Atenas (e lá em cima o troço é forte para valer).

Dali, passei à Antiga Ágora, o antigo mercado onde também ficavam muitos templos e outras edificações da antiga cidade (parecido com o complexo da Colina Palatina), incluindo o Templo de Hefestos, talvez o que tenha se mantido em melhor estado de todos os templos gregos. Fiz uma pausa no pequeno Museu da Ágora, pois o sol estava forte e, mesmo sem sentir muito calor, estava pegando um torrão. Refrescado, fui para a colina vizinha à Acrópole, onde se sobe por trilhas até um monumento romano no topo. Não tem nada de especial além de andar pela agradável floresta de pinheiros e ter uma bela vista, mas vale a pena.

Estes sítios arqueológicos gregos estão em um estado bem pior que os de Roma, por terem sido devastados pelos próprios romanos no século I a.C. e, logicamente, por serem vários séculos mais antigos. Você frenquentemente vê apenas restos de fundações e uma ou outra coluna de pé. Mas, por algum motivo, achei a visita mais legal. Talvez por conhecer e curtir mais a Grécia Antiga, e por sentir todo o clima e a força daquela terra milenar onde boa parte da cultura ocidental nasceu. Os lugares também estavam bem mais tranqüilos, com não muita gente, por ser final de temporada, o que dava uma tranqüilidade maior para imergir na atmosfera ancestral.

Findas as andanças, fui para o novo Museu da Acrópole, ali do lado. Eram quatro da tarde e aproveitei para almoçar no museu. Pedi no escuro um prato que parecia diferente, só para descobrir que “eggplant” nada mais é do que... berinjela! Quanto a isso, só posso dizer que a salada estava muito boa...

Gastei o resto do tempo conhecendo o museu que, por toda a falação que eu tinha ouvido sobre sua construção, achei que era maior. Na verdade, tem uma exposição de peças relativamente pequena. No fim, achei isso legal, pois foi possível prestar mais atenção em cada coisa, do que ficar naquela corrida louca para conhecer tudo, como nos museus enormes de Paris e Berlim. Saí com o fechamento do museu, oito da noite. Parei em um calçadão cheio de restaurantes para jantar um delicioso prato de lula à doré (para compensar a berinjela...) e voltar para o hotel. Foi um excelente dia, mas acho que a melhor estratégia é ir primeiro no museu, evitando o sol mais quente e aprendendo várias coisas para em seguida observar in loco na Acrópole.

Durante o café da manhã do dia seguinte, conheci alguns brasileiros que também estavam no hotel. Uma brasileira tinha o mesmo programa que eu, ir conhecer o Museu Nacional de Arqueologia, então fomos juntos. Pegando o metrô e caminhando um pouco pelo centro “de verdade” de Atenas (estilo cidade brasileira), chegamos ao Museu. Aquele sim tem uma grande coleção de peças, incluindo algumas “pop stars”, como a estátua de bronze em tamanho humano de Zeus (ou Posêidon) e peças de tumbas micênicas de uma antiguidade e riqueza impressionante (ouro até dizer chega).

Saímos dali no começo da tarde e aproveitamos para almoçar muito bem no restaurante de um hotel no caminho (um oásis de tranqüilidade no centro zoado). Pena que só ali descobri ter em Atenas um Museu da Guerra, incluindo armamentos medievais e da Antiguidade, que muito atiçam meu lado nerd. Só que é um dos museus que fecha às 16:00, então não dava mais tempo. Depois do almoço, nos separamos, pois eu iria para uns lugares onde ela já tinha passado.

Os outros sítios arqueológicos por onde passei era menores e mais pobres, aonde você chega, dá uma olhada e logo dispara. Estes são o Kerameikos (incluindo o mais antigo cemitério grego ainda preservado e ruínas dos portões e muralhas da cidade), a Biblioteca de Adriano (construída pelo imperador romano homônimo) e a Ágora Romana (o lugar que os romanos construíram para substituir a antiga). No caminho, procurei por alguma igreja ortodoxa legal para conhecer, mas todas estavam fechadas. A catedral principal deles estava aberta, mas está totalmente em reforma e não dá para ver muita coisa além de andaimes.

Como o guardinha do metrô não me deixou entrar com uma garrafa de cerveja, voltei caminhando sossegadamente pelo terreno da Acrópole. No hotel, minha calmaria foi prejudicada por descobrir que, por algum motivo misterioso altamente idiota, eu tinha reservado o barco para sexta feira, em vez de hoje. Tentei alterar por telefone, mas tudo o que a moça falou foi para ir no outro dia 8:30 da manhã na agência do porto para tentar um encaixe (o horário original era 12:00).

Imediatamente minha mente começou a procurar argumentos. Parecia que o do meia dia já estava lotado (e eu não queria acordar cedo). Também parece que o preço aumentava em cima da hora e teria que pagar a diferença (e eu não queria acordar cedo). Tinha outra empresa com um barco às 11:00 por um preço parecido (e eu não queria acordar cedo). E se eu cancelasse lá no porto até 24h antes (ou seja, até meio dia de hoje), eles retornariam 50% do valore (e eu não queria acordar cedo). Então, comprei o outro e deixei para cancelar antes de subir no barco (e não precisei acordar cedo).

Hoje, peguei o metrô para o porto de Pireu, sem ter muita idéia de como funciona o esquema dos barcos. Na confirmação da compra, não tinha nenhuma viadagem de ter que chegar horas antes ou algo assim, então planejei ir com alguma folga. Que se tornou quase nenhuma folga pelas enroladas na cama e conversas com os brasileiros no café. Desci na estação faltando meia hora para a partida, só para dar de cara com um porto imenso e o meu barco lá do outro lado. Caminhando o mais rápido que as malas me permitiam, consegui chegar e embarcar, faltando menos de dez minutos para a saída. Só que não rolou de fazer o cancelamento na outra empresa. Ainda demorei para entender o que estava acontecendo e dei várias voltas por corredores intermináveis até achar um lugar para deixar as malas. Então pude sentar no convés e relaxar, tomando um chope e admirando a linda paisagem em um dia totalmente ensolarado. A viagem de sete horas foi tão boa, relaxando no barco com aquele marzão azul e uma paz enorme no convés, que conta mais como passeio que como baldeação.

Atenas é um lugar maravilhoso de conhecer, e a Grécia, com todas as suas ilhas e cidades continentais antiqüíssimas, merece uma viagem por si só. Não se preocupe com aquilo que aparece na TV: eles estão em uma crise feia mesmo, e tem muitos lugares fechados e gente desempregada, mas a estrutura turística não foi afetada. Afinal, é disso que eles sobrevivem. Foi a cidade das que eu passei que mais está preparada para receber gente de fora. Em todos os lugares turísticos as pessoas falam inglês bem, e todos os museus e sítios têm textos completos nesta língua (ainda bem, pois o alfabeto deles usa símbolos diferentes do nosso, ou símbolos iguais representando fonemas diferentes). Apenas é bom checar antes os horários, pois a maioria das coisas fecha às oito da noite, mas alguns museus já às quatro. Ficar perto da Acrópole e de uma estação de metrô facilita bastante. Pelo que me falaram, o lugar costuma socar na temporada, mas no final de agosto está bem sossegado e o clima é excelente (não vejo uma nuvem há três dias e o vento não parou de soprar). Sem dúvida, um país para voltar no futuro... se ele ainda existir!

E ao chegar no porto de Creta , fui para o guichê da outra empresa choramingar para ver se ainda seriam bonzinhos de me dar meus 50%. A moça mal olhou para mim, cancelou e devolveu o valor integral em dinheiro. Sem que eu precisasse acordar cedo. Bem, acho que isso é o que se chama de EPIC WIN!


2 comentários:

sara disse...

Caramba! quanto conhecimento de nossa história antiga! Deve ser incrível estar nestes lugares!Muito diferente de só ler sobre.
Já estou me preparando para ir também, princ. depois de saber que eles falam bem o inglês.
Valeu!

Ademar disse...

Que sortudo, não? se fosse comigo, não receberia nem os 50% de devolução, quando mais os 100%.
Foi muito mais produtivo (saboroso) gastar em camarôes, não? Abração.

Pai