domingo, 20 de dezembro de 2009

Sonhos de uma noite de verão

"Até hoje não acredito! Como pode ser?"

Surpresa, espanto, teatro, chame como quiser. Mas o assunto vem e vem. Em todas as ocasiões possíveis. Meses, anos depois. E sempre as mesmas frases, sempre os mesmos pensamentos.

Ele morreu. Ou melhor, se matou. Saiu voando pela janela, nu como veio ao mundo, para encontrar seu fim no frio concreto da rua.

A supresa é forte, no início. De todos, por que logo ele? Seria o menos "esperado". Gente boa, feliz, piadista, meditador e zen budista. Por que fazer um ato tão execrado por um determinado contexto cultural? Não por acaso, o de todos os presentes.

Motivos importam? Não é a vida a última e mais privada propriedade de um ser vivo? Não é a capacidade de morrer o primeiro passo para a escolha do viver? Pois, se não há capacidade, há escolha? Uma árvore ou uma bactéria não encerra sua própria vida, pois uma das propriedades báscias de seus sistema vivo é manter-se funcionando. Em miúdos: manter-se vivo. Mas, se pela dádiva da abstração recebemos da mesma forma a do suicídio, não se torna uma escolha de cada um manter-se respirando?

Não é o que dizem as leis. Se tento encerrar minha existência (como sistema vivo homeostático e entidade pensante), não é uma questão de escolha. É pura e simples loucura. Mesmo se sofrendo a cada segundo que passa pela seta do tempo, chafurdando em uma cama de hospital, a eutanásia é crime. Se escolho este caminho e existe algum observador, certamente me tomará como insano.

O interessante é a curiosidade para com os motivos. As lendas correm, os boatos se multiplicam. Era uma mulher. Era um problema mental. Foi deixada uma carta. Qual seu conteúdo? As imaginações se atiçam. Afinal, volta a pergunta: por que logo ele?

É inimaginável, não? Ah, tão inimaginável quanto a presunção de cada um de conhecer a alma dos outros. Falem o que quiserem de seus pais, irmãos, companheiros de toda vida. Mas não se arrisquem tanto a declarar conhecer quem não conhecem. De conhecidos a amigos, sim, até os grandes amigos. Arranhamos superfícies, não atingindo ou às vezes não nos importando com o profundo conteúdo. Sorrisos e brincadeiras não significam felicidades. Por trás de mantos de satisfação jazem zonas escuras onde poucos além de seus criadores ousam vaguear. Descontada a massa simplória refém de sua obviedade, tão bela e tão natural, espreitam as aberrações da abstração, as sofridas vielas do pensamento cujo receio logístico do ato final talvez seja o único escape de um beco sem saída evolutivo.

Não é sobremaneira uma atitude inesperada. Agimos de acordo com o que percebemos. Os preconceitos são o meio pelo qual tentamos generalizar o universo, e enquadrar novos eventos dentro de nossa experiência prévia. Erramos, por vezes. Mas antes tropeçar para atingir a luz do que permanecer tateando no escuro. Sendo assim, ele nunca deveria ter feito aquilo. Pelo nosso preconceito. Mas ele fez. Chacoalhou nossos preconceitos. Mas, em vez de assimilar o ato e ajustar nossos olhos embaciados ao universo, muitos preferem fechar os olhos e imaginar que o universo deve se enquadrar em nossa visão prévia. E assim seguem se perguntando e perguntando, o que pode ter acontecido? E seguirão e seguirão não acreditando.

E discutirão e discutirão. Mais curioso ainda! É uma obrigação social? Um produto das convenções? Com a sinceridade em jogo, a morte funcional se evidencia. Qual a diferença entre nunca mais presenciar a cognição de um cérebro agora enterrado sob o solo e de vez em nunca realizar uma interação cordial com uma lembrança de tempos idos? Jamais há vantagem na primeira opção, a menos que o dito cérebro resulte em antagonismo à pessoa. Ninguém quer que nenhum de seus antigos amigos-conhecidos morra, por certo. Mas há tanta diferença assim? Anos sem mencionar um nome, e da morte emerge o diálogo. Apenas morra e vá ao cemitério para ser uma nova estrela no céu. Apenas pare de respirar entre nós para ser processado na fábrica de heróis.

Mas o contrato social exige o teatro. Jogamos com a convenção. Subjacente, de leve, vai surgindo a chacota. O trocadilho inevitável se cria por baixo da máscara de indignação. Mas ninguém ainda ousa dizer que era apenas um teste para ver se é a cueca por cima da calça que faz o Super-Homem voar. Muito fácil falar dos outros, pensa o iluminado, mas como fica quando se é vizinho da desgraça? Quando as sombras se adensam, o teatro exige fuga, e apenas aqueles que conhecem a sua própria escuridão se atrevem a encarar os olhos negros do humor frente a frente.

Entretanto, tal atrevimento passa desapercebido, pois jaz no mais profundo conteúdo, e nada na superfície o revela. Em cada âmago, a pontada do irônico desconforto ressoa, pois cada um sabe do seu potencial para pular de uma sacada. O fim está à mão e, exceto para um ser considerado demente amarrado em sua cama, não pode ser evitado por ninguém. É um atalho que lágrima alguma pode desviar. Que os iniciados no caminho da treva compreendam a si mesmos, pois os cegos pela luz não saberão o que pensar quando ela se apagar. É uma inevitabilidade, seu polimorfismo jaz no quando. Que aprendam com os outros, enquanto não é sua fez de se findar.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Resenhas do dia - filmes em cartaz

2012

Quando vi o trailler do filme, eu tive uma imediata e preconceituosa primeira impressão: filme-catástrofe genérico. Nada que me empolgasse muito. "Independece Day" (do mesmo diretor) impressionou em 1996 pelos efeitos inovadores, mas novas assistidas mostraram que tinha pouco mais que isso. "Impacto profundo" me causou um impacto superficial (há!) em 1998, porque as cenas da devastação da queda do meteoro realmente me impressionaram. Em uma segunda assistida, já foi difícil segurar o sono nas três outras horas. "Armageddon", que saiu no mesmo ano, não colou e daí para frente foi difícil encontrar um que se destacasse. Eu curto a situação proposta de um filme-catástrofe, mas aqueles produzidos por Hollywood passaram a se contentar (supresa...) com um modelo estereotipado. É o mesmo que citei quando critiquei o horrendo "10.000 AC", no caso para filmes épicos: parece que existe apenas uma ficha para cada gênero, em que há um roteiro pré-fabricado e alguns espaços em branco, cabendo aos roteiristas apenas preencher as lacunas, como cenário, motivo do quebra-tudo, nome dos personagens e pouco mais. Raramente algum consegue um certo destaque, por apresentar um ou outro elemento diferenciado, como "O dia depois de amanhã" (também do diretor de 2012). E, na época em que estamos, não há efeito computadorizado que consiga carregar um filme nas costas.

Mas, mesmo assim (e cortesia de uma saída com tudo pago com a família) acabei indo parar na sala para ver. Afinal, de vez em quando, surge a tal exceção em meio à regra. Usualmente, como citei acima, é um ou outro elemento diferenciado, que se destaca por ser uma poça de água em meio ao deserto. E o ator principal era John Cusack, um cara que respeito por fazer filmes com certa qualidade ("Quarto 1402" é recente e dos bons). Será que essa seria a exceção em meio à regra? E será que quem conhece meu estilo irônico não sabe o que está por vir?

Não, nem a pau. Nada de exceção.

Aliás, é pior que o esperado, por ser o supra-sumo do supra-sumo do genérico. Não é só aquela figura que ilustra um verbete qualquer do dicionário, é a que ilustra o próprio verbete "estereótipo"!

Vamos ver: um cientista desconhecido no meio do nada faz a descoberta do milênio (chavão), passa para seu amigo americano que avisa seu governo e então sobe na vida (chavão), mas mantendo seu idealismo (em forma de uma grande chave), tendo como obstáculo o figurão inescrupuloso (chavão). O presidente dos EUA coordena a salvação da humanidade (a maior chave do universo) mas acaba se sacrificando pelo seu povo (chavão). Mas o nosso protagonista é o cara comum, John Cusack (que neste filme poderia ser apenas John Cu - o que aconteceu, meu velho?), um escritor malsucedido que vive separado da mulher, é distante dos filhos e não se dá bem com o marido da ex porque ainda sente algo por ela (chaveiria completa).

"E ele se junta a uma galerinha do barulho, que se mete em uma porção de encrencas que não vão deixar ninguém parado."

Perdão, mas não há forma mais adequada de descrever o que vem depois. O mundo vai cair (com efeitos que em alguns momentos chamam a atenção, em outros são pífios), vai ter muita berraceira e cenas forçadas de ação, algum drama humano medíocre, soluções que parecem dolorosas, mas no fim todo mundo fica feliz. Ah, e é claro que o herói volta a conquistar o amor da mocinha. Opa, desculpe, contei o final. Até parece que você não sabia, né?

Como não tem destaques positivos, vou enumerar alguns negativos: não é preciso fazer um filme de três horas quando você não tem história, meia hora de enrolação, meia hora de berraceira e dez minutos de conclusão já bastam; a mocinha ganha o Troféu Jóinha de Oportunismo ao voltar ao seu antigo amor cerca de dez minutos depois de ver seu marido triturado em um ato heróico (a forma chavão de tornar um personagem descartável - ops, mais descartável que os outros - amigável aos olhos do público, sem prejudicar o sucesso reprodutivo do mocinho); a mensagem ideológica por trás do filme é pífia. Neste ponto até quero me alongar um pouco mais.

Filmes-catástrofe tem sempre a grande oportunidade de efetivamente lidar com questões profundas, envolvendo o comportamento humano em situações extremas. Mas, como é o caso aqui, normalmente acabam caindo num puritanismo superficial: os conceitos das nossas sociedades atuais são os mais perfeitos de todos e, não importa a situação e o contexto, sempre serão válidos. Assim, temos que, em um fim do mundo, todos ainda devem ser amigos, amar ao próximo e ser incondicionavelmente altruístas. Lindo, só não me digam como 20 mil pessoas conseguem viver tranquilamente em uma nave projetada para sustentar apenas 10 mil. É a mesma aberração anti-ecológica que nos faz acreditar que o crescimento econômico ilimitado vai salvar a humanidade, e que sacrifícios não precisam ser feitos se todos derem as mãos e andarem sob o arco-íris. A mensagem ideológica mais curiosa que captei é totalmente não-intencional: na ânsia por se salvarem, o grupo dos protagonistas invade a nave e causa problemas que, além de gerar 20 minutos de pseudo-tensão, colocam todos os tais 20 mil em risco de vida. Mas como o supracitado personagem descartável morre e o mocinho se machuca um pouco para consertar a cagada, tudo se resolve, não é?

E agora vou dar nesta resenha tanto espaço quanto no filme para o tema "fim do mundo em 2012 previsto pelo calendário maia": _____.

Jesus, como consegui falar tanto de um filme que é tão pouco? Só pode ser uma grande vontade de destilar veneno mesmo. Em resumo: não perca seu tempo, nem seu dinheiro. Fim.


Atividade paranormal

Acima falei de um gênero que já é antigo e está consolidado (leia-se: engessado). Passamos agora para um gênero emergente. Ao contrário dos filmes-catástrofe, que possuem um longo histórico (mesmo antes da computação gráfica), os "filmes-realidade" modernos tem um começo bem definido: "A Bruxa de Blair", em 1999 (com o precedente de um filme trash dos anos 80, "Holocausto Canibal"). A idéia era fazer gravação em primeira pessoa, como se o espectador efetivamente assistisse ao teipe original da suposta câmera. "A Bruxa de Blair" fez um puta sucesso por ser algo inovador, além, é claro de ser apoiado por uma campanha publicitária inteligentíssima (o filme efetivamente foi vendido como documentário, e teve muita gente que achou ser real). Todo mundo pirou ao ver que era possível fazer um filme assim, ainda mais que podem ser feitos com baixo orçamento. Os "seguidores" variam do terrível ("Cloverfield") ao muito bom ("REC" - em versão original espanhola, não vi o remake ianque). Mas, devido à semelhança de gênero e proposta, acho que é possível analisar "Atividade Paranormal" comparando-o diretamente com o pai (mãe?) de todos.

Primeiro, a campanha publicitária também foi feita de modo inteligente. O filme, independente, de baixo orçamento e de 2007, passou a ser distribuído por uma major (a Paramount) só este ano, e está aí desbancando todos os blockbusters nas salas de projeção. Um trailler mostrando a reação de platéias ao filme, intercaladas com algumas cenas assustadoras, seguida pela mensagem "se você quiser ver este filme em sua cidade, entre no site etc.etc.etc. e peça". Funcionou: logo o filme estava pipocando por todos os cinemas. Aqui em Florianópolis ele estreiou no maior cinema local com apenas um horário às dez da noite, e na segunda semana já conquistou o dia todo. Mesmo os artifícios da campanha não sendo novos, e o público já tendo conhecimento da proposta do filme, ainda assim funcionou.

O filme também procura ser apresentado com um documentário, embora neste ponto não consiga convencer muito, com fraca introdução e conclusão documental. Mas o que interessa é o durante, certo? São três pontos principais que devem ser contemplados em um filme como esse.

Primeiro, o filme deve convencer naturalmente, ao menos enganar um pouco de que poderia ser verdade. As situações não podem ser forçadas, e neste ponto o uso de atores desconhecidos e sem muita experiência é um ponto a favor. Também é preciso dar uma boa desculpa para que as filmagens sejam mantidas nos momentos cruciais, formando uma história entendível. O protagonista masculino aqui é o responsável, sendo obcecado por registrar as ocorrências estranhas que cercam a protagonista feminina, sua namorada. Incomoda um pouco não ter muito claro porque o cara fica tão bitolado, mas de modo geral dá para engolir (e até dar boas risadas, quando a menina dá algum grito e a primeira coisa que o cara faz é buscar a câmera, para depois ajudar).

Em segundo, é claro, temos os momentos de tensão. Ao invés de uma série de sustos baratos, o filme prefere focar em uma tensão mais contínua, que funciona muito bem. Há momentos em que não acontece simplesmente nada, ou apenas algo muito pequeno, mas já basta para o espectador ficar de orelha em pé, caso esteja inserido no clima do filme (quando você vai numa sessão das oito recheada de bandos de idiotas que só estão lá para dar risada, pode ser um pouco mais difícil, mas é vital aqui fazer um esforço para se inserir no clima). Vou dizer que há momentos realmente assustadores, boas sacadas do roteirista sobre ocorrências paranormais. Volto a afirmar uma coisa que já disse antes: é muito mais intenso quando os momentos de tensão são desprovidos de qualquer forma de música, do que quando um filme tenta nos impressionar na base da pancada sonora. Felizmente, aqui não há música. Tome cuidado porque, quando uma porta bater com força, é bem possível que você dê um pulo na cadeira.

Em terceiro, e vital, tem que haver uma sub-história sendo contada em segundo plano, que indica (mas não explicita) o que está acontecendo, dando alguma razão à série de sustos e momentos de tensão. "O Exorcista" para mim é um dos melhores filmes de terror porque a sub-história é rica. Em um filme-realidade, é essencial introduzir ela naturalmente, pois não se pode depender de cenas externas para maiores explicações.

Aqui neste ponto fundamental é onde reside a grande diferença entre "A Bruxa de Blair" e este filme. No primeiro caso, tudo faz algum sentido. A sub-história é mais do que apenas uma justificativa, ela possui ligação direta com os momentos de tensão. No caso de "Atividade Paranormal", isso não é feito de um modo tão eficiente. A sub-estória até é contada de um modo razoável, porém a impressão que fica é que ela é apenas uma desculpa para que ocorra uma série de episódios paranormais aparentemente aleatórios. Fica escancarado que estes momentos são feitos apenas para assustar o público, e não para fazer a história progredir. Há sim uma série de pequenas coisas que podem ser inferidas, mas em geral o filme peca pela conexão entre a "explicação" e a "ação". Isso, para mim, tira alguns pontos e causa uma queda considerável em sua verossimilhança.

Entretanto, ainda é uma boa pedida. Se você curte esse tipo de filme, claro. Se a sua praia é uma coisa mais padronizada, palatável e explicadinha, certamente vai se decepcionar. Como os bandos de idiotas na sessão. Fazer o que...


ATENÇÃO, SPOILERS: Não, não vou contar muita coisa, mas é algo que pode prejudicar a sua experiência, se ler antes de assisitir. O problema maior do filme, na minha opinião, é que seu desfecho é muito ruim. A cena final da Bruxa é assustadora, intrigante, faz você ficar se perguntando um zilhão de coisas. Aqui o final é direto e até se torna previsível, a partir de um certo ponto (os primeiros sinais de possessão). Talvez ele peque um pouco por não ser tão forte quanto uma cena anterior (a da guria sendo arrastada da cama, sem dúvida a mais impressionante do filme) e há uma regra básica de roteiro que diz que nunca uma cena anterior pode ser tão forte quanto seu clímax. Eu particularmente acho que um final mais escabroso, grotesco mesmo, ia funcionar muito bem, causando o choque necessário, como um orgasmo de terror após uma hora de suspense tenso (excelente alegoria, hein?). Mas não há desculpas para o exato último momento da última cena: é chavãonismo barato que remete a filmes de terror baratos e genéricos, e não combina sobremaneira com o clima todo do filme. Malzaço!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

The end of the road

Pebolinadas e pebolinadas depois, a correria termina. Quero dizer, em parte. Ainda há uma semana de intensa atividade pela frente. Mas, ao menos, dá para fazer etsando em casa.

Vadio que é vadio, se trampa um mês, já cansa. Não nego, nego não. Nada de gradualismo aqui. O negócio é equilíbrio pontuado*.

Amanhã sai o resultado do doutorado. Uma certa tensão. Passar seria extremamente importante agora. E passar bem, mais ainda. Sem bolsa, sem amizade.

Bem, como diria o sábio: não sou a Globeleza... mas lá vou eu! **

* chegará o dia em que só conseguirei fazer piadas científicas inintendíveis?

** piadinha repetida por estafa criativa.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

On the road V

Mais dicas de turismo em Ouro Preto:

1 - Se um bêbado aparecer numa praça dizendo para você entrar numa viela suspeita para visitar uma mina antiga da qual você nunca ouviu falar... vá atrás dele. É legal pra caramba.

2 - Atenção aos horários de visitação. Mesmo fora da segunda feira, eles variam bastante em cada igreja ou museu. Como regra geral, pense que eles são opostos àqueles que você gostaria.

3 - Visite a Casa dos Contos. A entrada custa só um conto (ahá!) e tem coisa pra caramba para ver.

4 - A cidade é bem pequena e dá para conhecer tudo a pé, de boa. Basta levar dois pares de panturrilha reservas.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

On the road IV

Dicas de turismo em Ouro Preto:

1 - Se é domingo de noite e feriado, você vai penar para encontrar comida em conta.

2 - Os melhores pontos turísticos fecham segunda feira. Sem carne, fica só o angu.

3 - Conheça os lagartos católicos. Estão em todo lugar, mas se concentram ao redor das igrejas.

4 - Traga equipamento de alpinismo.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Como encerrar um ofício

"Sendo o que se apresenta para o momento, é oportuno o ensejo para reiterarmos nossos votos de alta estima e consideração,

[nome da pessoa]"

(baseado em fatos reais)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

On the road III

- Sono


- Sede


- Dor de cabeça


- Dor de barriga


Não exatamente as melhores companheiras para um processo seletivo de doutorado. Mas elas não se tocaram disso e permaneceram fielmente ao meu lado.


Sobrevivi. Nenhuma certeza. Uma boa esperança. Mas, como quando menor o degrau, menor o tombo... Fica a expectativa ainda.

Agora, nesta etapa do mês maluco, serão incríveis quatro dias em casa, para depois três semanas quicando por aí sem sequer passar por Floripa. Ao menos, graças ao bom Deus que nos acolhe (e à Viação Azul), as intermináveis horas de busão até BH serão transformadas em um salto quântico aéreo.

Bora que a locura mal começou!

E há uma coisa que volto a reforçar aqui:

No meu mundo, seria proibido roncar.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

On the road II

Filosofias sobre a vida que só ver Ana Maria Braga no café da manhã do hotel proporciona:

Se você toca metal em uma guitarra, você não é cool.

Se você toca Metallica no Guitar Hero, você é cool.

Vai entender...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

On the road

Direto do aviso na porta do hotel em Curitibanos para o mundo...

"6 - De acordo com a lei de Posturas Municipais e Sanitárias é terminantemente proibido aos Srs hópedes:

a) Atirar pelas janelas objetos de qualquer natureza;

b) Estender roupas nas janelas;

c) Conservarem animais domésticos nos apartamentos."

domingo, 25 de outubro de 2009

Operação Chá de Busão

Começa em breve a Operação Chá de Busão:

27/10 - ida para Curitibanos dar aulas (300 km - 5 horas)

30/10 - retorno a Floripa (300 km - 5 horas)

03/11 - ida para Campinas para seleção de doutorado (800 km - 12 horas)

06/11 - retorno a Floripa (800 km - 12 horas)

10/11 - ida para Curitibanos dar aulas (300 km - 5 horas)

13/11 - retorno a Floripa (300 km - 5 horas)

15/11 - ida a Belo Horizonte (1300 km - 20 horas)

16/11 - ida a Ouro Preto para simpósio (100 km - 1 hora)

21/11 - retorno a Floripa (1500 km - 21 horas)

24 /11 - ida para Curitibanos dar aulas (300 km - 5 horas)

27/11 - retorno a Floripa (300 km - 5 horas)

28/11 - ida a Araranguá para saída de campo (250 km - 3 horas)

28/11 - retorno a Floripa (250 km - 3 horas)

01/12 - ida para Curitibanos dar aulas (300 km - 5 horas)

04/12 - retorno a Floripa (300 km - 5 horas)

05/12 - dormir durante seis dias seguidos (0 km - 162 horas)

Realmente vou precisar arrumar um jeito de fazer viagens de ônibus renderem... Ou Dramin, para que te quero!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A saga do dvd - a crônica e a resenha

A crônica

Em 2004 o Blind Guardian lançou seu primeiro dvd ao vivo, contendo um show completo filmado em sua cidade natal. Fazia seis anos que a banda pretendia gravar algo do tipo, mas nenhum festival era adequado para seus requerimentos. Não sendo pouca coisa em matéria de bandas de metal, os alemães fizeram o mais "fácil": criaram seu próprio festival, em 2003, com eles como headliners, é claro. Deste nasceu "Imaginations through the looking glass".

Eu não tenho praticamente nenhum dvd das bandas que adoro. Com recursos escassos, sempre preferi comprar dois cds do que um dvd. A relação custo / benefício era maior. Por outro lado, desde o momento em que vi parte do dvd do Blind, sentado em uma balada esperando por um festival que atrasou quatro horas para começar, eu pensei "se eu comprar um dvd, será esse".

Mas o tempo passou e passou. Não comprei nenhum dvd, nem pedi de natal. Em pouco tempo, nem cd eu estava comprando mais (apenas pegando músicas emprestadas da Sra. Internet). Depois de ter colocado o tapa-olho de vez, procurei algumas vezes pelo "Imaginations...", mas sem sucesso. Até neste domingo.

De ressaca após dois dias de festas, só me restava gastar o dia com coisas inúteis. E uma delas foi uma visita em uma comunidade orkútica da banda, onde, finalmente, repousavam os links almejados. Dei sorte, até: em vez de um dvd-rip de um giga e meio, era "apenas" um .avi de 700 mega. Armado de paciência e de minha internet de 200k, iniciei a saga pelo tão sonhado show.

Cada parte do arquivo tinha seus 100 megabytes. À estupenda velocidade de 23 kb/s, demoravam uma hora e meia cada um. Mas foram vindo, aos poucos. Na segunda feira, finalmente, eu estava com as sete partes. Vírus verificados, arquivo descompactado, peguei meus quitutes, a Coca, carreguei o vídeo no Real Player e preparei-me para viajar duas horas no mundo fantasioso do quarteto alemão. E então começou a parte mais difícil.

Noventa por cento das vezes que eu baixo algum vídeo da net, ele vem bonitinho, funciona perfeitamente. Mas existem os dez por cento de erro. Que poderiam muito bem acontecer em um episódio qualquer do House de 150 mega. Mas ocorreu no dvd de 700.

Demora a surgir imagem. Quando surge, é desacompanhada de som. Já penso um "oh, merda", mexendo em todos os controles de áudio possíveis. Mas não é só isso. O vídeo vai e vem. Uma hora, está em velocidade normal. Em outra, entre em fast foward do nada, e o vocalista Hansi Kürsch parece a guria do Calypso dançando. Isso vai e vem, em toda a extensão das duas horas de vídeo. O Real Player não me fornece nenhum consolo em forma de controladores avançados de velocidade.

Calma, nem tudo está perdido. Com o salvador botão direito do mouse, busco minhas opções, e ali surge o bom e velho Media Player. Ajude-me, Santo Gates. Carrego e... mesma coisa. Decepção. Nova busca por controladores ilusórios. Neca.

Faço o básico. Fecho outros programas. Reinicio. Busco por soluções no Oráculo. Reclamo na comunidade, pensando em receber resposta em alguns anos, já que ela possui apenas 9 membros. Surpreendemente, o dono dela, possivelmente alguém desprovido de vida social, logo me responde. Com ele, tudo bem. Só pode ser culpa dos meus programas arcaicos. Fazer o que, tenho todos os mais atualizados. Que rodam em Windows Millenium, claro...

Essa era a hora de desencanar, ir trabalhar e deixar para ver em outro pc, outra hora. Os arquivos estavam na mão, era só ter alguma paciência. NÃO! Eu iria ver esse show, e seria no MEU computador, e AGORA.

Inicio a busca por soluções. A primeira é esotérica, mas já funcionou com outros vídeos. Uso um programa para converter o vídeo de .avi para outro formato, .wmv. Tempo estimado, 1:10. Hum, talvez não... Quem sabe de .avi para .avi não funciona, a conversão meramente consertando o que estiver de errado? 30 minutos de espera, apenas. Enquanto isso, finjo que trabalho, conversando com uma amiga no MSN.

O tempo passa e finalmente meu novo vídeo está pronto. Com uma marca d'água, que mais parece de nanquim, gigante que o programa deixa em todos os vídeos convertidos, que pode desaparecer pela cortesia de algumas dezenas de dólares. Bem, um vídeo com marca é melhor que nada, basta funcionar. Só isso.

E é claro que não funciona. Droga. Converter para outro formato, talvez? Arriscar mais horas em uma possibilidade vaga? Não, tem que haver um modo mais fácil...

Clicando botões direitos aleatórios, percebo algo interessante: por que aparece o Media Player duas vezes na lista de programas? Ora, se não tenho duas versões do programa no meu computador... Sem muita esperança, abro com o outro, só por desencargo de consciência. E, vejam só... Não é que o vídeo roda bem?

Exceto o pequeno detalhe da ausência de som.

Ora, mas quem vai querer som ao assitir um show de metal, não é?

*sucks*

Porém, isso me dá uma idéia. Lembro de ter visto alguém colocando apenas o áudio do show em outra comunidade. Se ele rodasse, não seria possível sobrepôr um com o outro, rodando dois programas ao mesmo tempo? É só ter alguma paciência para sincronizar o áudio com o vídeo, e tudo correrá normalmente.

Inicio o processo de baixar os dois arquivos, mais 150 mega. Enquanto isso, eu... Bem, eu trabalho de verdade! Para alguma coisa além de minha redenção eterna como fiel metaleiro o dia tem que servir.

Fim de downloads, descompacto eles. Alguém transformou o áudio do dvd em mp3, as vinte músicas estão todas lá, separadas, com em um disco.

Agora, muito próximo da realização, carrego o vídeo no Media Player. A outra versão do Media Player não abre simultaneamente com a primeira, então tenho que usar o Real Player para o áudio. Tudo carregado, começo o trabalho de tentar sincronizar. Junto com as imagens do palco imenso, a multidão se espalhando a perder de vista, surge o som da vinheta inicial, a genial "War of Wrath" já me arrepiando a pele. Os dois arquivos possuem duração quase idêntica, então apenas basta encontrar um ponto de referência para encaixá-los. Foguetes na entrada da banda, perfeito! Boto o som rolando, volto um pouco o vídeo e, quando as pipocas saltam do amplificador, dou o play.

E então estoura uma das grandes músicas do meu disco favorito da banda: "Time stand still (At the Iron Hill)" é uma cacetada que a multidão ovaciona com fúria. O vídeo rola em sincronia perfeita com o áudio, em uma rara sorte para uma primeira tentativa. Eu, na minha quitinete de centímetros cúbicos, ergo os braços e faço os chifrinhos clássicos com os dedos, me sentindo diretamente na Alemanha, e, finalmente, recompensado.

Pancadaria encerrada. Público em polvorosa. Banda sorrindo ao ser bem recebida. Coca Cola gelada. Paçoquita. Aguardo ansioso pela segunda pancada.

E, no momento em que estouram as luzes e saltam os músicos, o som pára por um segundo.

Hansi torce sua cara com agressividade. Mas o grito vem apenas depois. Thomas espanca a bateria, mas os tambores estão com "delay". Os guitarristas batem cabeça, mas estão com a cabeça em cima quando deveriam estar embaixo.

Maldito Real Player, que dá um pequeno salto ao trocar de faixa.

Um salto pequeno, quase insignificante.

Mas o suficiente para zoar toda a sincronia.

O primeiro pensamento é arrumar a sincronia de novo. Mas, diante da perspectiva de gastar um minuto de cada uma das próximas dezoito músicas sincronizando, só posso pensar em outra coisa.

Não tenho outros programas de Áudio no pc. Nem quero baixar outro. Olho para minhas pastas de utilitários, inerte. Nada parece propiciar uma saída consoladora. A não ser que...

Entro em um programa de edição de som, dos mais simplórios (mas não, não é o gravador de som do Windows). Abro a primeira música. Seleciono todo o conteúdo e copio. Fecho. Abro a segunda música. Tento colar a primeira nela. Sucesso. Fica um pequeno silêncio entre as duas faixas, que corto com o editor, fazendo os gráficos de ondas sonoras se unirem como marido e mulher novamente.

Sim, a solução é fazer isso com todas as músicas. Abrir uma por uma, ir copiando, colando no musicão e remover os problemas nos intervalos.

Após mais alguns minutos, sucesso. Tenho uma faixa de mp3 de 114 mega e duas horas e cinco minutos. Agora vai, não é possível.

Abro tudo de novo. Coca quente. Uso a primeira música, que já ouvi, para sincronizar. Novamente os aplausos no final. Lá vem a próxima...

E "Banished from Sanctuary" entre quebrando tudo nas caixas de som, desta vez com uma sincronia decente. Nem quero mais pensar em mexer nos arquivos. Quatro horas depois do planejado, quatro anos depois do primeiro desejo, eu vou ver o show do Blind!


A resenha

E é um puta show. Nada se compara a um show inteiro gravado em uma só noite, ao contrário daqueles discos ao vivo que pegam uma música de cada lugar do mundo onde a banda já tocou (como o próprio "Live" de 2003 do Blind). O público é imenso e está completamente selvagem, louco para cantar verso por verso com Hansi. Até a vinheta inicial é cantada, antes da banda entrar! 'Time stand still..." quebra tudo no começo. "Banished from Sanctuary" é a faixa de abertura do segundo disco da Banda, da época em que o som era puro speed metal, e faz juz ao rótulo. Nenhuma faixa do primeiro disco aparece, mas não fazem muita falta. A ampla discografia do Blind tem coisa de muito mais qualidade para oferecer.

A filmagem também é de alta qualidade, ainda mais se pensarmos que não é o show de uma banda "mainstream". São doze câmeras que não deixam escapar nada, iluminação de alto nível e efeitos pirotécnicos ocasionais, nos momentos certos (sem virar uma paródia circense como um shyow do Kiss).

Curiosamente, apenas três faixas (fora a vinheta inicial) aparecem do disco considerado pela maioria como a sua obra máxima, "Nightfall in Middle-earth". Compreensível, já que a banda tornou seu som cada vez mais complexo e elaborado com o tempo, e este álbum é recheado de corais, orquestrações, teclados, camadas e camadas de vozes e instrumentos. A banda está acompanhada de um tecladista no show, mas não o suficiente para compensar tudo. O último disco (na época), "A night at opera", sofre do mesmo "problema", então só duas músicas surgem (embora, além disso, este tenha dividido opiniões entre os fãs). Para compensar, o não menos clássico "Imaginations from the other side" é tocado praticamente na íntegra, apenas uma música ficando de fora.

Após as duas primeiras pancadas, a terceira música dá uma cadenciada, sendo exatamente uma das do "Nightfall..." e é... a própria "Nightfall"! Neste ponto é possível perceber os dois únicos reparos possíveis de serem feitos durante todo o show, de outra maneira irrepreensível. Primeiro, a presença de palco da banda não é top de linha. Hansi não é Bruce Dickinson para ficar correndo de um lado para o outro, nem Ozzy Osbourne para ficar berrando "c'mon, fuckers, louder!" a cada 10 segundos. Ele se move pouco (algo a ver com sua visível e legitimamente germânica barriguinha de chope?) e sua comunicação é mais através de sorrisos, expressões e gesticulações incitando o público (que não reclama e responde como se o vocalista fosse uma mistura de Bruce com Ozzy em uma overdose de anfetaminas). O segundo ponto é que ele tem que segurar a onda do seu vocal, em alguns momentos, principalmente nos agudos mais agressivos, para se manter intacto nas duas horas de show. Mas ele continua cantando pra cacete!

"Script for my requiem" segue detonando. É digno de nota o público, que, durante toda a duração do show (e não apenas nos minutos iniciais, ou nos maiores clássicos), canta a plenos pulmões, compensando com sobra a ausência de um coral "oficial" (apenas os prórios músicos fazem os backing vocals, como nos primeiros discos da banda).

Em seguida, vem outra do segundo disco, uma das mais clássicas, mas que eu nunca tinha dado muita bola. Até agora. É "Valhalla" que dá prosseguimento ao ritmo acelerado desse início de show. E então um momento mágico ocorre: ao final, a banda toca o refrão da música várias vezes, acompanhada pelo público. Então, vai baixando até ficar só a bateria e o público, cantando em altíssimo volume. Refrões e refrões depois, o batera dá uma virada e encerra a brincadeira, para extrema ovação do público, e felicidade absoluta da banda. E, então, no meio dos aplausos... O público volta a, espontaneamente, cantar o refrão! É perceptível o abismamento dos músicos, e Thomas volta a fazer o ritmo na bateria, para delírio de todos, até encerrarem de vez. São quatro minutos apenas de refrões. Fiquei até emocionado ao ver um momento único desses registrado em dvd, uma relação que poucas bandas têm com seu público. Eles são os bardos. Nós somos os exércitos. As músicas, nossos hinos de batalha. Fantástico!

Toda essa maravilha é seguida por uma das melhores músicas da banda, na minha opinião. "A past and future secret" é uma balada com pegada completamente medieval, que me fascinou desde a primeira ouvida. Infelizmente, devo dizer que é uma das que perde pela ausência de orquesta e coral, enfraquecendo seus momentos enérgicos. Mas, depois de todo aquele "Valhalla... Deliverance... Why've you ever forgotten me", é bom uma descansada, com direito a cenário com piras e fogo, direto da Inglaterra arturiana.

Que não dura muito, evidentemente. A música que vem depois é uma do par do último disco, e a mais agressiva deste: "Punishment divine". Também é a que chama menos atenção em todo o show, portanto aproveitei para fazer o jantar (ei, você esqueceu que, se eu pausasse o vídeo, teria que ter todo o trabalho de sincronizar o vídeo de novo? E é chato para cacete, uma diferença minúscula já atrapalha muito. Então minha experiência tinha que ser praticamente em tempo real...).

Mas uma do "Imaginations..." vem depois, "Mordred's Song", ótima música e com um momento de destaque ao final, com a repetição da melodia medieval do início. A próxima música uma das minhas favoritas da "primeira fase" do Blind Guardian (i. e. o speed metal direto dos primeiros discos), "Last candle", uma pancadaria cheia de melodias fantásticas. Infelizmente, desde o seu começo fenomenal foi zoada por uma falha de sincronia, que tive que passar toda a faixa consertando. Chato demais e só com muita vontade para ver um vídeo assim, eu garanto... Mas pelo menos consegui pegar bem o final, onde a banda volta a fazer a mesma brincadeira de antes com os versos finais, repetindo-os apenas com público e a bateria tocando. E quando tudo pára e vêm os aplausos, o que ouvimos surgir da platéia? "Valhalla... Deliverance..." Meio descoordenado desta vez, mas uma bela ligação com o momento anterior do show.

Ao menos as próximas faixas seguiram todas em boa sincronia. E o que falar da tríade de "Imaginations..." que se segue, "Bright eyes", "I'm alive" e "Another holy war"? Só sendo muito foda para conseguir suplantar esse álbum como o top no coração dos fãs (e "Nightfall..." consegue, mas não é unanimidade). Entre estas faixas, o primeiro grande "hit" da banda, lá do terceiro disco, "Tales from the twilight world". E qual música mais teria tanto status, para uma banda famosa por sua conexão com Tolkien, do que "Lord of the rings"? Iniciando mais próxima da versão acústica do "Forgotten tales" (que eu considero superior), ela ganha uma energia incrível no final. É o momento do show em que o público mais se agita, pulando ao ritmo do refrão, certamente causando um pequeno terremoto naquele setor da Alemanhã.

A música que se segue é uma escolha arriscada. "And then there was silence" é a segunda música do "A night..." a aparecer, e, além de todas as firulas de estídio, possui mais de 14 minutos na versão original. Não exatamente a coisa mais adequada para um show, e eu estava meio cético. Mas, diabos, não é que a banda conseguiu o milagre de adaptá-la perfeitamente para o palco, e na íntegra, ainda por cima? Mais que isso, o Blind consegue manter o pique e o interesse do público o tempo inteiro, inclusive com um dos trechos (o que tem a vocalização com "lálálálá... etc.") sendo um ponto alto de empolgação. Surpreendente!

Entrando na parte final do show, temos uma música do quarto disco, de 1992, e pouco tocada atualmente, a faixa-título "Somewhere far beyond". Muito bem recebida desde a introdução com gaitas de fole, serve como entrada para a outra música do mesmo disco. Uma coisinha acústica de pouca relevância chamada "The bard's song - In the forest"...

Não há a menor dúvida de que este seja o hino da banda, não importa quantos "Imaginations..." e "Nightfalls..." venham pela frente (inclusive eles já lançaram um mini-disco apenas com várias versões da música, tocadas de diversas maneiras e para diversas platéias). Hansi poderia aproveitar esse tempo para ir tomar um chope no camarim, pois é verdadeiro dizer que nesta música é ele quem acompanha o público. Mas ele ainda disfarça cantando uns versos, enquanto os violões levam todos à Terra-Média. Certamente o segundo melhor momento do show (perdeu só pelo "efeito-supresa" do primeiro).

Para fechar antes do bis, a faixa título de "Imaginations...", botando a vibração lá no alto de novo. Ao fim dessa longa faixa, a banda abandona o palco, após mais de uma hora e cinquenta de show. Já seria uma grande duração e um evento histórico, mas o Blind ainda tinha algumas cartas na manga. De volta para o palco, soa o enérgico início da adequadíssima "And the story ends", com o verso-título sendo berrado à toda no refrão. E, para fechar, nada melhor do que a faixa mais cultuada do disco mais cultuado: "Mirror mirror", do "Nightfall...". Não é uma das minhas escolhas top daquele disco, mas é bem popular entre os fãs, e, somando à pirotecnia e ao fato de ser a última da noite, agita como poucas antes agitaram. É incrível, parece até começo de show, banda e público mostram um fôlego invejável! A sincronia até foi para o espaço de novo nesse finzinho, mas nem me importei. Já tinha sido tudo bom demais.

E então a história acaba de vez. Há algumas faixas ao vivo bônus no dvd, mas não se comparam ao show único. Para ficar na memória e felizmente registrado para todo o sempre. No fim, o dvd não provoca apenas um pensamento de "bah, como eu queria estar lá", mas um de "bah, eu praticamente estive lá!"

E, conforme os créditos rolam e a banda agradece, o público volta a entoar, espalhando-se pela noite alemã: "Valhalla... Deliverance... Why've you ever forgotten me". Nenhum dos afortunados presentes, jamais esqueceu, certamente...

domingo, 18 de outubro de 2009

Crônica de uma noite peculiar

"Tá na beca, hoje, hein?"

"Adorei seu casaco, está bonitão!"

Chego em casa e encontro a etiqueta promocional no lado interno. R$ 29,00. Arranco e o adesivo por baixo fica visível. R$ 99,00.

R$s 70,00 é a distância que separa os espertos dos trouxas.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Super receita!

Constante no verso do rótulo do Atum Gomes da Costa, e reproduzido palavra por palavra, o espetacular...

Espaguete com atum

Ingredientes

* 200g de espaguete
* 1 lata de Atum Ralado ao Molho de Tomate Gomes da Costa

Modo de preparo

* Cozinhe o espaguete conforme as instruções da embalagem. Escorra. Envolva o conteúdo da lata na massa ainda quente. Misture bem e sirva.
* Rendimento: 2 porções.

Ufa, ainda bem que encontrei essa receita, senão eu nunca saberia como fazer miojo com atum!

Isso realmente me lembrou "A Maravilhosa Cozinha dos Solteiros Solitários"...

E, falando nisso...

A Maravilhosa Cozinha dos Solteiros Solitários IV

Prato do dia: Atum Pingado

Ingredientes

* 1/2 limão que sobrou do bife
* 1 lata de Atum Ralado ao Molho de Tomate Gomes da Costa

Modo de preparo

* Esteja com preguiça. Fique com fome. Abra a lata conforme as instruções da embalagem. Não escorra. Pressione o limão para que o líquido pingue no conteúdo. Misture pouco e coma.
* Rendimento: 1 porção.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Check-up periódico II

Após um setembro matador e alguns meses "in(f)vernais", a primavera chegou. Para mim, ao menos. Nem tanto para o mundo exterior, novamente com problemas aquáticos.

Três perrengues solucionados nesta semana:

* Seleção de doutorado: projeto entregue hoje e, para algo feito praticamente em uma semana, acredito que seja um concorrente aceitável. É só não vacilar na prova e apresentar bem (sim, tem apresentação do projeto ainda) que tenho chances. Rumo a Campinas 2010! Se rolar, eu estarei no melhor lugar onde poderia estar para isso no Brasil (e guardem suas piadinhas sobre a sexualidade dos campineiroas para caso eu passar).

* Falta de grana: a segunda bolsa que eu estava de olho, necessária para a comida e lazer (em complemento à primeira, que pagava aluguel, contas e a Coca-cola), vai sair. Ainda não assinei nada, então um pé está lá atrás, mas o primeiro já foi para a frente, ao menos. Ganhando esses trocados, dá para ficar pela Ilha até o doutorado.

* Mais falta de grana ainda: sim, além de estar só ganhando uma bolsa, ela não estava sendo paga! Agora foi, afinal. Não preciso mais pedir empréstimo para pagar aluguel, contas e a Coca-cola.

É um bom período, então. As perspectivas otimistas para o futuro são de uma trabalheira ainda nos meses por vir (mas trabalhos recompensadores) e uma finaleira com algum espaço para curtição em SC, antes de ir de mala e cuia para Campinas (dessa vez para ficar, ao menos os quatro anos do doutorado). As pessimistas são não passar na seleção, não ganhar a segunda bolsa e ter que voltar para a casa da família em Blu por falta de grana, e virar um sanguessuga paterno que bebe até nas segundas. De manhã.

Felizmente, no momento está pendendo mais para as primeiras que as segundas...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

ALERTA

ESQUEÇAM O ÚLTIMO POST! NÃO VEJAM NADA RELACIONADO À DISNEY!

Ainda bem que o bom pastor Josue me abriu os olhos!



Bah, eu vi Rei Leão umas cinco vezes só no cinema, quando saiu... Acho que preciso matar alguém...

Na boa, eu devo rir, sentir raiva ou pena de alguém assim?

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Resenhas do dia - filmes

Fantasia (1940)

Teve um tempo em que o cinema americano era arte, e não produção mercadológica descartável. Afinal, não é a toa que eles se tornaram o pólo mundial dessa atividade (fadada à desgraça atualmente - e cada vez pior). Muito antes da computação gráfica (que, de uma fantástica ferramenta, se tornou o emblema da mediocridade) e de padrões rígidos de comercialidade, existiam as inovações e a criatividade.

E é aí que podemos situar essa verdadeira obra de arte chamada "Fantasia".

Em seu contexto histórico, a obra foi a terceira na série de desenhos animados da Disney, após "Branca de Neve" e "Pinóquio". Porém, é diferente de tudo o que a própria empresa havia feito antes e faria depois. "Fantasia" não é um desenho de digestão fácil "para toda a família", simples, objetivo e coerente. Nem de perto.

O que temos aqui é uma idéia completamente inovadora para a época, e ousada até para os padrões atuais: juntar obras de música erudita com desenhos animados, sem qualquer forma de diálogo além da música em si. Uma idéia que tinha tudo para dar um resultado desastroso e enfadonho, mas que, graças ao esforço da produtora e do perfeccionismo do próprio Walt
Disney, deu muito certo.

Se o filme fosse lançado hoje em dia, entretanto, possivelmente não teria o mesmo status de clássico. A ação e o humor que encontramos na tela é simplesmente muito inocente. Não há nada da ironia e do sarcasmo que encontramos em animações de sucesso recentes. Mesmo as crianças já possuem a sua dose de "maldade" para preferir humor ácido a humor "bonitinho".

Por outro lado, para quem gosta de música clássica, o filme segue sendo um prato cheio. A intepretação animada que foi dada às obras é bem diferente da original (sim, muitas vezes as composições clássicas possuem uma história subjacente). Mas não foi essa a intenção da Disney, e sim de criar novos mundos a partir daquelas sonoridades. O encaixe entre as imagens e a música é perfeito. São ao todo sete peças principais (e um interlúdio), muitas facilmente reconhecíveis mesmo para quem não entende nada do estilo. Entre as peças, um narrador dá algumas noções do que será tocado, como se fosse em um verdadeiro concerto.

Tudo começa com a "Toccata e fuga" de John Sebastian Bach, em um arranjo para orquestra, com um início de arrepiar qualquer um. As imagens começam com a orquestra normal tocando a música, mas logo se juntando a diversos efeitos especiais: brilhos, silhuetas, montes e abismos que surgem e desaparecem conforme a composição se desenrola. Não é à toa que o filme virou cult entre os hippies dos anos 60: poucas coisas além de uma viagem lisérgica podem ser a personificação mais adequada do "ver a música".

Em seguida, temos uma das minhas obras preferidas de Pyotr Ilych Tchaikowsy, a suíte do Quebra-nozes. Sem os seus trechos iniciais, começamos com o movimento da Dança das Fadas, que é personificado por verdadeiras fadas no desenho. A sequência de imagens mostra a ida e vinda das estações, encerrando com a magistral Valsa das Flores. Cogumelos e flores dançantes seguem fazendo a alegria dos cabeludos doidões.

Essas duas peças constituem sequências chapadas de imagens variadas, sem tanta lógica linear. Por mais que sejam boas, são comparativamente menos interessantes com o que vem depois. As próximas cinco peças todas contam algum tipo de história, com começo, meio e fim.

A terceira é a peça que deu origem a toda a obra. Afinal, foi para revitalizar sua crianção favorita que Walt Disney quis fazer um curta-metragem baseado no "Aprendiz de feiticeiro" de Paul Dukas. A idéia se expandiu, e aqui temos o ponto inicial, na forma do mais emblemático Mickey Mouse de todos os tempos, com roupão vermelho e chapéu de feiticeiro. A linha melódica principal desta música é simplesmente espetacular e um dos símbolos máximos do filme. Como curiosidade, a imagem atual que temos do Mickey foi justamente criada para "Fanstasia", com olhos dotados de pupilar para maior expressividade (antes ele tinha olhos totalmente pretos).

Após um rápido agradecimento pessoal do rato ao regente da orquestra (um feito técnico admirável na época), chegamos àquela que considero a melhor de todas as peças, além de ser a maior, com cerca de 25 minutos. Com uma música fenomenal de base ("O Rito da Primavera", de Igor Stravinsky) o que temos é a história da Terra primitiva contada desde sua formação, passando pelo surgimento da vida, a evolução de formas terrestres, a diversidade dos dinossauros, e encerrando com sua extinção. Aqui o ajuste perfeito da dinâmica musical com a visual atinge sua expressão máxima, pois temos que considerar que não são apenas imagens diversas jogadas ao acaso, e sim uma história coerente que tem que seguir a música. Veja por si mesmo nas cenas da Terra de fogo e água, pré-vida. Como amante de paleontologia, não pude deixar de perceber alguns erros feios na junção de criaturas de períodos muitos distintos da pré-história (algo como uns 100 milhões de anos, mixaria...). Mas a intepretação da Disney até que é fiel à visão científica de 70 anos atrás do passado da Terra. E aqui podemos ver que nem só de leveza e graciosidade que é feito o filme: a luta pela vida não é sobremaneira amaciada, e a extinção é uma parte relativamente pesada.

O pequeno interlúdio é uma brincadeira referente ao som e à imagem, em que uma linha colorida acompanha os timbres e tonalidades de diversos intrumentos. Abre caminho para outra peça: a "Pastoral", sexta sinfonia de Ludwig van Beethoven, ambientada no mundo mitológico grego do Olimpo. Com exceção do trecho dos centauros e cupidos, que é um pouco melosa (i. e. gay) demais, a peça toda é bem divertida (quem não gostaria de ter aquele filhote de pégaso preto em casa?). O Baco totalmente bêbado e o Zeus temperamental dão toques não exatamente infantis a mais uma das melhores partes do filme.

A "Dança das Horas", trecho de "A Gioconda" de Amilcare Ponchielli, é um balé conhecidíssimo que, na visão da Disney, vai ser dançado por avestruzes, hipopótamos, elefantes e aligátores apaixonados, em um ambiente neoclássico / surreal. É maluco, com certeza, mas também a peça mais humorística do filme.

O fechamento é algo nada usual para filmes da Disney, onde geralmente até os aspectos obscuros da vida são suavizados. Não há nada de suave em uma das mais macabras composições clássicas já criadas, "A Noite no Monte Calvo", de Modest Mussorgsky. Tampouco na animação que passa na tela: no topo do monte calvo, o colossal demônio Chernabog acorda na noite de Walpurgis, invocando de suas tumbas toda sorte de fanstasmas, espíritos, assombrações e demônios para dançarem e sofrerem ao seu bel-prazer. A personificação de Chernabog é intensa, é possível sentir todo o poder e malignidade que emana da criatura. Mas esta também é a única peça em que duas composições distintas (e põe distintas nisso!) são executadas. Em um dado momento, o sino de uma igreja começa a tocar, o que incomoda Chernabog e o manda de volta ao torpor no topo do monte, enquanto as assombrações voltam para suas tumbas. Uma fileira de monges carregando velas ruma para as ruínas de uma catedral, ao som da "Ave Maria" de Franz Schubert. Não é preciso ter nem um pingo de religiosidade para concordar que é um fechamento belíssimo para essa obra-prima, pois a música é realmente de trazer lágrimas aos olhos.

Mesmo com todas essas qualidades, o filme foi um fracasso financeiro para os estúdios Disney (só salvos pelo sucesso financeiro do desenho posterior, "Dumbo"), pois foi idealizado para ser rodado em um evento especial, com toda uma infraestrutura de som inovadora, mas muito custosa. Apenas após alguns relançamentos que fez sucesso e adquiriu o status de clássico, além de angariar dois Oscares especiais, uma por avanços técnicos de som e outro pela inovação da união entre imagem e música.

Eu só posso fechar essa resenha recomendando muito o filme. Ao revê-lo agora, além da nostalgia infantil, o que eu percebi foi uma obra única, diferenciada e totalmente fora do usual. Para asssitir de boa, ou em algum estado alterado qualquer, para ver a música e ouvir a imagem. Recomendo a primeira opção, mas é você quem sabe!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Resenhas do dia- filmes

Filhos da esperança (2006)

Eu vou começar isso aqui de um modo bem direto: assistam esse filme. Se já o fizeram, assistam de novo. Sério.

Estava eu aproveitando alguns momentos de folga e o sinal liberado do Telecine para os portadores do Pacote-Pobre da NET. Deu dez horas, quando começa sessão em todos os cinco canais. Na programação, o que mais me atraiu foi o "Homem de Ferro LEG" no Telecine Pipoca. Como eu lia história em quadrinhos da Marvel e ainda não tinha visto, lá vou eu. Basta os primeiros minutos dos créditos para vir aquela vozona dublada falando o título do filme. WTF??? O que diabos significava o LEG então?

Como prefiro não assistir a asssitir dublado, zapeei nos outros canais para ver se algum aresentaria algo interessante. No Telecine Action, bastou uma pequena legenda ("London - 2027") para chamar minha atenção. Eu curto ficção futurista, mas sabia que tinha 90% de chance de cair em uma tosqueira. Por sorte, acabei me salvando de uma provável ação genérica para cair em um dos melhores filmes que assisti nos últimos tempos.

Parte da minha surpresa positiva foi o fato de que eu não acompanhar tão de perto discussões cinematográficas. Não tinha a menor idéia de que o filme havia sido um dos maiores sucessos de 2006, que teve gente chamando de obra-prima, que a sua não-indicação ao Oscar gerou uma polêmica enorme... Enfim, assisti à obra sem nenhuma opinião pré-concebida a respeito, e garanto: o filme não é só "hype". É foda mesmo.

Começando pelo mais importante, a história e o enredo. O filme se passa em um 2027 totalmente caótico. A premissa básica é que, por algum motivo (que não é e nem precisa ser explicitado), todas as mulheres deixaram de ser férteis e não nasce um bebê há duas décadas. Isso faz as pessoas viverem sem esperança em um mundo onde as tensões sociais, étnicas e ambientais, que vinham se acumulando ao longo do século XX, estouraram por todas as partes. A Inglaterra, onde se passa a ação, é um dos poucos lugares onde existe alguma ordem. Mais para o "alguma" do que para a "ordem", por certo. O autoritarismo e o elitismo passam a ser os carros chefe daquela sociedade. A ambientação é criativa, densa, complexa, daquelas que mesmo sem saber você adivinha que é baseada em uma obra literária (dito e feito, lá apareceu nos créditos "baseado na novela de..."). Não é 100% original, claro, mas o que o é? Você encontra elementos que remetem a obras importantes de ficção "mezzo-futurística", como "1984" e "O fim da infância". Normal. Se não fossem influentes, não seriam clássicos.

O roteiro segue um membro daquela "elite" que leva uma vida desesperançada e vazia, mas que acaba sendo jogado em uma tempestade de acontecimentos de grande relevância. O roteiro não é dos mais acessíveis: embora seja fácil de seguir, as reviravoltas vêm de modo inesperado, personagens aparentemente importantes morrem como moscas e não há tempo para muito chororô e momentos pseudo-emotivos. Ou seja, nada de palavras emotivas ditas com dificuldade antes da morte em uma pausa artifical no meio de um tiroteio. Morreu, morreu e vamos embora. Me agradou muito, dando uma verossimilhança rara ao que acontece. Claro, há coisas que acontecem de forma previsível e alguns chavões ainda estão lá. Porém, está muito acima da média.

Os personagens e o mundo vão se desenvolvendo ao longo da trama, em uma mistura de "momentos-explicação" com pistas mais sutis. Aliás, há muitas sutilezas escondidas, que aparecem apenas em recortes de jornais, fotos ou de maneira subentendida. Veja o filme com atenção, por favor. Afinal, você percebeu que animais de estimação são vistos o tempo? Não é curioso, em um mundo desprovido de crianças?

Mesmo considerando o poder desta parte de conteúdo, que é aquela com o qual mais me importo, tenho que admitir que a maior parte do poder do filme está concentrada na parte técnica. Eu nunca tinha ouvido falar de Alfonso Cuarón (afinal, não vi e nem quero ver nenhum dos Harry Potter), mas tiro o chapéu para seu trabalho aqui. Tudo aqui é feito com exímia habilidade. O recurso das longas tomadas sem cortes, que vem se tornando cada vez mais comum, é utilizado bastante. Aliado a ângulos de câmera mirabolantes e às vezes até esquisitos, funciona bem demais.

A filmagem geralmente é tremida, como se fosse feita com câmera de mão, e acompanha os personagens bem de perto, o que dá ao espectador a nítida impressão de estar inserido na história. O exemplo máximo é a cena climáxica, onde somos literalmente jogados em uma batalha urbana. Até o sangue jorra e mancha a tela da câmera! A boa sacada é que essa imersão na ação ocorre sem que exista um verdadeiro "personagem-câmera". Alguns filmes da nova geração que apelam para o recurso de câmera de mão forçam a barra, e ficamos nos perguntando porque os personagens acham tão mais interessante ficar filmando do que salvarem suas vidas ("Cloverfield", estou olhando para você).

A fotografia também é muito adequada, fria e pesada, adequada ao clima. A sonoplastia idem. Por algum motivo, eu sou muito atraído por filmes que são minimalistas na questão sonora, como é o caso. Adoro quando as cenas tensas são totalmente desprovidas de música de fundo. Daí você percebe o que é uma cena que efetivamente cria esse efeito de tensão, e o que é uma cena tosca que apela para o estouro de ouvuidos para mascarar sua mediocriade. Por fim, as atuações são competentes e, se não dignas de prêmios, fazem muito bem seu papel. Clive Owen, como o protagonista, pode ser acusado de uma atuação fria e indiferente, mas que possivelmente é proposital, pois combina perfeitamente com a proposta do personagem. Quanto ao outro "grande nome", Julian Moore... Bem, só posso dizer que a trajetória de sua personagem é das mais interessantes. Ponto positivo.

Paguei pau demais? Bastante, não é? Mas, se depois de tudo isso, não convenci você a assistir, só posso recomendar que vá ver "Homem de Ferro". E dublado, óbvio. Hollywood produz todo o seu lixo acéfalo especialmente para você. Divirta-se!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Grandes mistérios da humanidade

Por que existem, proporcionalmente, mais ginecologistas homens do que urologistas mulheres?

A) Porque mulheres cuidam da saúde com regularidade, então os ginecologistas têm a chance de ver vaginas sadias. Já os homens se preocupam apenas quando algo dá errado, então as urologistas só podem ver pênis emperebados.

B) Porque mulheres não pensam besteira o tempo todo quando vão ao médico, o que permite aos gniecologistas um exame preciso. Mas apenas a mais horrenda das urologistas consegue analisar um pênis flácido.

C) Porque existe um maior número de médicos homens do que mulheres. E "proporcionalmente" é uma palavra muito complicada para mim.

D) Um conjunto das opções anteriores. Menos a C, pois eu sei o que proporcionalmente significa.

E) Nenhuma das anteriores, eu conheço ótimas urologistas. Elas se chamam Valeska, Sharon e Debbye Dengosinha.

domingo, 26 de julho de 2009

Atualização

Sim, esse blog ainda é atualizado! A diferença é que a frequência agora passou de mensal para bimestral...

***Adendo pseudo-filosófico: por que falamos mensal e bimestral, e não mestral (ou unimenstral) e bimensal?

Depois de um longo, feliz e inconsequente período de vadiagem com dinheiro na conta, agora estou em um curto, triste e deprimente período de trabalho sem dinheiro na conta. Ok, ter voltado a trabalhar com tudo em coisas acadêmicas não é triste nem deprimente, muito pelo contrário. Mas bem que podia ter uma bolsa-miséria para complementar.

Entretanto, nem tudo são trevas. Após várias coisas darem errado, algumas começaram a dar certo. Uma bolsa que paga meu aluguel, internet e coca-cola eu já tenho. Falta só mais alguma coisa para comprar comida. Mas quem precisa comer, afinal? Posso me sustentar facilmente à base de coca e sol. Mas isso apenas se essa frente fria do caralho der o fora!

Quinta feira o Duelo apareceu de novo na TV Com, em entrevista no mesmo programa da outra vez. Foi legal, fora o fato de que a entrevistadora gostou de me fazer perguntas que eu não sabia responder. Fazia tempo que a gente não se sentia pop novamente, mas com a sexagésima rodada e o festival Novo In... ops, Nosso Inverno por aí, novos olhares se voltaram para a gente. Claro, não tínhamos como reclamar, pois o Duelo em 2009 foi uma várzea em muitos momentos... Mas as coisas estão voltando a melhorar.

Sem mais choros e velas, o negócio é sobreviver ao segundo semestre em busca da redenção (i.e. Profissão Bolsista versão Doutorando) para o ano que vem. Ter parado esse ano foi bom para experimentar algumas coisas diferentes (para as criancinhas, esse corvo aqui só tem uma resposta....), mas, sem mais enrolação, o negócio é seguir em busca do objetivo máximo.

Que objetivo? Há, segredo!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Up!!!

Só para não deixar isso aqui novamente parado por muito tempo, uma coisa de dois anos atrás.


Êxtase
17/05/07

Exausta e satisfeita, ela desabou para o lado e fechou os olhos. Acompanhei sua respiração ofegante acalmar, até tornar-se uma leve e constante aragem, indicando que sua consciência não mais pertencia a este mundo. A minha, entretanto, permaneceu, incapaz de se desprender de tudo o que acontecera para entregar-se ao tenro embalo do sono.

Sob a pálida luz da lua cheia que penetrava no quarto pela fresta da cortina, espalhando-se leitosa nas paredes e objetos tão familiares, pus-me a observá-la com atenção. O fino lençol cobrindo seu corpo pouco escondia a exuberância da qual eu há pouco desfrutara. Mas foi no seu rosto que me detive demoradamente. A perfeição das formas era salientada pela serena expressão em sua face, no doce repouso que a dominava.

Olhando para ela, senti um aperto no fundo da garganta, comprimindo meu peito, uma ânsia devoradora daquele monstro furtivo que conhecemos como paixão. A beleza que dela emanava era superior a qualquer outra que eu pudera conceber em toda minha vida, e para ninguém mais ela era tão imponente quanto para meus olhos embriagados pelo sentimento. A satisfação por estar ali, o desejo de estar ao seu lado, a vontade desesperada de que aquela noite fosse eterna, não tinha paralelo dentre todas as tênues emoções que já haviam possuído meu coração. Todas agora obliteradas por um instante fugaz e avassalador de êxtase, de beleza, de paz.

Dali a pouco tempo tudo estaria acabado. Uma ilusão seria desfeita e um coração despedaçado. Mas gravei aquele momento como a lembrança dela que eu desejaria manter. A de uma deusa adormecida nos braços de um mero mortal que, se não teve a bênção de merecer seu amor, pôde, por um breve instante, sentir o sublime sabor da perfeição, para jamais se contentar novamente com as coisas mundanas.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Resenhas do dia - filmes em cartaz


X-Men Origens: Wolverine (filme - 2009)


Ver uma adaptação, remake ou sequência de filme envolvendo um personagem querido sempre é uma faca de dois gumes para o espectador. Por um lado, está o anseio por ver o personagem em ação novamente, até mesmo quando histórias já conhecidas são recontadas. Por outro, está a possível decepção de ver distorções exageradas, tanto na personalidade quanto história. A segunda opção com certeza é a mais comum, já que as convenções hollywoodianas são capazes de transformar até os melhores personagens em caricaturas genéricas.

Em alguns casos, entretanto, o resultado é positivo. A obra sai muito boa, mesmo com as modificações. "Watchman" é um exemplo recente.

Em outros, o resultado é muito acima do esperado, merecendo entrar para o rol dos filmes fodásticos. "Senhor dos anéis" cabe perfeitamente aqui.

E, em vários, o resultado é simplesmente um saco de merda. E eis que chegamos a "Wolverine".

Não me levem a mal. Eu sempre vou com a maior boa vontade ver os filmes dos meus personagens preferidos, mesmo sabendo que o resultado pode não ser muito bom. Eu achei bom o último "Indiana Jones". Adorei "O exterminador do futuro III". Consegui até ver graça em "Alien x Predador"!

Quanto às adaptações de quadrinhos, tenho a visão do fã, mas também a racionalidade do espectador casual. Me decepcionei com a série do "Homem aranha" (que porra de Venom é aquela??), mas ainda consegui curtir na boa. Gostei bastante de "X-Men", o segundo filme é realmente bom. E não se pode dizer que não houve muitas modificações nessas últimas adaptações. Mas são filmes que possuem uma certa sustentação própria, como obra cinematográfica independente.

Porém, com "Wolverine", fica difícil. E olha que fui com a maior empolgação. Vamos por partes.

Primeiro, os personagens, algo mais do que essencial em uma adaptação que lida com aqueles desenvolvidos ao longo de grandes histórias e com um baita background. Não se espera nunca que eles sejam os mesmos no filme, é claro. Mas se espera um mínimo de respeito com a obra original. O Wolverine dos quadrinhos é amado exatamente por ser um anti-herói. Ninguém gosta do Ciclope porque ele é cuzão, todo mundo quer ver Wolvie dando uns pegas de verdade na Jean Grey. Na série cinematográfica dos X-Men, é claro que não tivemos o mesmo Logan, mas ainda se percebia o personagem original lá, com sua personalidade, sua natureza animal, seus conflitos, etc. Então era possível ignorar a relativa "suavidade" e curtir.

Porém, naquele estágio da história, já temos, até nos quadrinhos, um Logan "humanizado". Quem vai ver um filme sobre a sua origem, espera pelo menos ver em algum momento o Logan animal, selvagem, amoral. E digo a vocês: ele não aparece por um segundo que seja. Sério, nenhum. Nada mais do que um cara puto, em alguns momentos, por motivos onde qualquer um ficaria assim. Não há arrogância, não há sarcasmo, não há nenhum "anti-heroísmo". Só heroísmo esculachado e barato, digno de Sessão da Tarde. Nada disso é culpa de Hugh Jackman, que encarnou Wolverine de modo excelente nos filmes anteriores (um pouco menos no terceiro). Mas a história nem dá oportunidade para o coitado dar alguma vida ao personagem.

Quanto aos outros personagens, caricatos e superficiais. Bem, personagens de quadrinhos muitas vezes são assim, certo? Mas alguns se tornam favoritos por algum motivo, e esses motivos não estão lá (de um modo semelhante à gostosura da Vampira, nos filmes). Gambit surge para decepcionar aqueles que ansiavam por sua inclusão na série. Não que ele esteja muito ruim, mas sua participação é tão reduzida que mal dá para avaliar. Ciclope aparece não sei por que. Se eles queriam atenuar a imagem ridícula que ele teve na série, não conseguiram. Dentes-de-sabre é o melhor, mas o roteiro se encarrega com êxito de piorá-lo.

Uma rápida passada pela parte acéfala, antes do pior. Os efeitos especiais são usados de modo excessivo, e vacilam em alguns momentos (as garras de Logan mudam de tamanho o tempo todo e nunca convencem em sua conexão com o corpo). As cenas de ação são geralmente forçadas. Todos adoramos nossos heróis fazendo coisas malucas e impossíveis, certo? Claro, quando sabemos porque aquilo está acontecendo, e quando ainda sobra um mínimo de sentido na história. Não explosões de helicópteros que fazem pouco mais do que balançar os cabelos.

Então, vamos ao pior. Cada vez mais eu me surpreendo como o roteiro é uma coisa desprezada em Hollywood. Caramba, é a base de toda história, seja em filme, livro, quadrinhos, poesia ou o caralho a quatro! Bem, parece que os produtores contrataram roteiristas de filme pornô desta vez. A coisa é tão desconexa, nonsense e recheada de erros, que nada se salva. Para ser sincero, até metade do filme, eu só estava o achando bem meia boca, esperando ansiosamente algo aparecer para salvar. Mas, a partir da metade, é merda empilhada em cima de merda. Novamente nos dois lados possíveis de analisar: mudanças grotescas da história original, e insustentabilidade como história independente.

Uma coisa de fã de quadrinhos agora: considero o enlouquecimento de Logan após o implante do adamantium um dos momentos fundamentais do personagem. É quando ele perde a memória e vira o selvagem completo, vagando pelas florestas canadenses sem a menor preocupação com o mundo. No filme, é criada a expectativa para isso, mas... nada acontece. Ele sai correndo e vai tomar lição de moral de um casal de velhinhos com metade da idade dele. Sim, meu caro fã, você leu bem: WOLVERINE PÓS-IMPLANTE LEVANDO LIÇÃO DE MORAL DE VELHINHOS. Deprimente, para não falar pior. Só não tão deprimente quanto a "solução" encontrada para fazer ele perder a memória depois.

Em suma, o filme é um fracasso total. Além de não adicionar nada, consegue estragar a imagem de um personagem que era, até agora, bem adaptado de uma mídia para outra.

Antes que esse esquartejamento alcance o tamanho de duas páginas no Word, eu vou deixar uma conclusão final que poderia perfeitamente resumir tudo o que está escrito acima:

Quando a melhor parte de um filme são os créditos iniciais, é porque algo está muito errado.

NOTA: 3,0.

Alguns spoilers com observações aqui:

* A sugestão do filme é de que as espadas de Deadpool são de adamantium também (ele não as possui nos quadrinhos, não dá para confirmar). Porque uma bala de adamantium é capaz de fazer aquele estrago no Logan, e Deadpool não causa mais dano que alguém com espadas normais?

* Por sinal, é claro que qualquer tiro na cabeça causa automaticamente perda de memória. Prêmio Jóinha de Neurologia para Dr. Stryker.

* Por que diabos o Gambit intervém quando Logan está quase matando Dentes de Sabre, só para depois concordar em guiá-lo à ilha? Até agora não entendi.

* Logan tem sentidos apurados, certo? Mas como ele não conseguiu perceber que a sua mulher não estava realmente morta, já que qualquer cachorro de rua reconhece um bicho recém-morto só pelo cheiro?

* Na cena em que ele foge da base, pós-implante, ele rasga a porta de aço com garradas em forma de X. Notaram que os pedaços soltos do meio ficam misteriosamente flutuando no ar?

* Como a Marvel me deixa acontecer uma coisa dessas? Juntou-se à Wizards of the Coast e o abominável Dungeons & Dragons no Hall of Shame,

terça-feira, 7 de abril de 2009

Bihtyr ahlhad der es-Aqkif

Acabei de observar como quem não quer nada o marcador de visitas ali do lado e vi que o número aumentou muito desde a última vez que eu vi. Isso só pode significar duas coisas:

* As pessoas descobriram os geniais (?) textos do arquivo do Santuário e se deliciaram ocm a sabedoria de tempos idos.

* Faz realmente muito tempo que eu não dava uma olhada no blog.

Acho que o p da segunda hipótese é menor...

Enfim, parece que esse último mês se arrastou por anos. Principalmente as primeiras semanas, onde fiz a minha mais do que magistral carreira de professor. Um mês e meio na escola. Três semanas de aula. E tchau e bânção! "Mas Félix, como você pode ter corrido de medo de um bando de crianças?". Primeiro: não era crianças, eram criaturas. Temíveis, sim. Aliás, todas as crinaças são, e isso eu nunca neguei. Sabe aqueles que realmente sempre dizem que nunca gostariam de dar aula para molecada? Sim, eu sou um desses. A única diferença foi que eu tentei. Ok, quase tentei. Digamos que eu coloquei a ponta do dedo na água fria e saí correndo para vestir o roupão (que metáfora... hum... merdífera, não?).

Mas aquilo é para quem gosta de criança, para quem sempre sonhou em ser professor de escolinha, para quem tem muita paciência ou para quem não tem outra coisa a fazer. A maioria das pessoas vão ter pelo menos a primeira qualidade. Eu não estava me encaixando em nenhuma.

Assim, agora sou oficialmente problema social! Desempregado, mas não parado, é claro. Só que fazendo coisas não-remuneradas. O plano é ir atrás de algum trampo normal e ficar de olho em consultoria. Mais cedo do que eu esperava apareceu a última, vamos ver se vai rolar. Senão, o negócio é sub-emprego mesmo só para segurar a onda até voltar à profissão-bolsista (leia-se: doutorado).

Ah, mesmo que o blog tenha estado bem parado, tenho escrito algumas coisas cerebrais sim. É só dar uma olhada nos dois últimos contos do Duelo de Escritores. E encaminhando outras coisas, mas dessa vez mais acadêmicas.

Sinceramente, eu não tenho mais escrito no blog porque eu não tenho muito o que dizer aqui.

Tipo agora. Não tenho mais nada o que dizer, então eu digo "tchau".

segunda-feira, 2 de março de 2009

Check-up periódico

Sim, o blog virou diarinho de vez. Antes fosse diarinho, mas está mais para mensalinho. Mas tem tanta coisa passando pela minha cabeça que não é possível que não surja nada de produtivo em breve. Opa, eu já não falei algo parecido há alguns meses? Ok, esqueçam...

Fatos para ficarem registrados nos anais sujos e peludos da História:

* Tudo certo na banca. Não me chamem mais de Félix. Apenas "mestre" está bom.

* Rebolei, rebolei e saí da corda bamba. Ainda tem uma trabalheira fodida nesse mês, mas a parte mais corrida passou. Digamos que eu já vesti ao menos as calças.

* Escola: me divido entre pensar "dá para levar de boa" e "isso aqui não é vida". Quem sabe se pintar umas novas consultorias eu possa largar mão de uma atividade que, de boa, não é para mim. Senão, a caravana segue, afinal, é preciso pagar as contas. E também está muito no começo para avaliar com precisão. No mínimo vai servir para eu voltar correndo para a academia no ano que vem...

* Falando nisso: sim, o doutorado vai sair em 2010. Só falta decidir o lugar, o projeto, o orientador e passar na seleção. Ao menos os primórdios de idéia já existem. A lógica veio bater à porta do meu sonho europeu. Afinal, eu quero trabalhar com formigas, um grupo que gosto, estou familiarizado e é excelente para trabalhar princípios ecológicos. E onde tem mais formigas, na Europa ou no Brasil? não é preciso ser biólogo para saber a resposta. Então o que parece se configurar é um doutorado num curso realmente bom no Brasil (Unicamp?), que abra uma forte possibilidade de um sanduíche. Para os não-iniciados, não estou querendo ir para Campinas comer misto quente. Doutorado sanduíche é aquele que se faz um tempo no Brasil e um tempo em outro país.

* Por fim, a notícia de maior importância: pela primeira vez na minha vida eu cheguei aos 70 quilos. É, preciso urgentemente me mexer. Não que me assuste ter um IMC de 20, mas é um processo que precisa ser detido no início. Pena que não existe mais o Aikidô da UFSC. E agora? Tae-Kwon-Do? Jiu-jitsu? Corrida na Beira-Mar? Dança do Ventre?

Check-up completado.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Rebolando pelado na corda bamba

Se você imaginou a cena descrita no título, meus pêsames.

O sonho acabou. A vida de mestrando-bolsista-teórico-filosófico chegou ao seu fim. Infelizmente não dá para passar a vida toda podendo fazer os seus horários, trabalhar o dia e a hora em que quiser. Embora haja o risco de uma vida assim levar ao grande ócio, não deixou de ser um ano produtivo. Artigos publicados, disciplinas feitas, participação em bancas, dissertação escrita, boa produção literária e, por que não incluir, uma boa dose de lazer. Só faltou atividade física no segundo semestre, o que está rendendo ao meu corpinho sexy um projeto de barriga.

Agora começa o período de ter que conciliar demandas e atividades da melhor maneira, para viver e sobreviver. Primeiramente, eu, Félix, o suposto misantropo-metaleiro-from-hell, terei o prazer de ser professor de Ciências de uma escola municipal. E com o encargo ainda mais prazeiroso de lidar com quintas séries (e sétimas e oitavas também). com pouca experiência, ainda terei que pular a primeira (e importantíssima) semana de aula para ir apresentar a dissertação em BH semana que vem. Tudo isso ainda com uma consultoria trabalhosa e enrolada para preencher os espaços vagos.

Mas em poucas semanas esse período mais tempestuoso passa e é possível que uma rotina se configure. Mas daí o perrengue será: e o ano que vem? Assinale sua opção:

A) Félix vai se empenhar e ir atrás de um grande doutorado em outro país, em um lugar que ele sonha conhecer.

B) Félix vai se enrolar e pegar um doutorado bom, mas em alguma universidade nacional, indo para algum lugar que ele não sonha tanto assim conhecer.


C) Félix vai abraçar a mediocridade e virar professor de escolinha, vivendo onde ele gosta, mas reclamando da vida e tendo como único sonho ser efetivado.

D) Félix vai ser agraciado por alguma coisa caindo dos céus em seu colo, como uma boa vaga em uma universidade particular, um emprego alternativo (testador de colchão?) ou um atropelamento com indenização vitalícea.

E) Félix vai largar tudo e virar hippie.

Garanto que tem duas opções aí que não me agradariam em nada. E não estou falando do atropelamento...

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Frase do mês

"Medir a força de um animal é difícil. Por isso usamos um aparelho chamado medidor de força. Ele mede a força de um animal".

- Barr, B., o Homem Animal, um super-herói (?) do NatGeo.

(Nem todo biólogo é inteligente. De fato, muitos não o são.)

sábado, 3 de janeiro de 2009

2009 A.D.

Ei, já é outro ano! Dois mil e nove. Caramba, parece ontem que o milênio estava virando (as duas vezes). "Ano dois mil era futuro há pouco tempo atrás". Já devíamos estar viajando pelo espaço e com colônias estabelecidas na Lua.

Ok, não importa. Sem grandes discussões de virada e blábláblá de renovação (pessimista ou otimista) dessa vez. Escrevo só por escrever agora. Sem muita paciência para brincar de blogueiro. Fechando uma dissertação que vai me dar o que pensar para o resto da vida. E não me preocupando nem um pouco em ser cerebral além disso. Eu já fui mais interessado em tudo...

Ah, por sinal, agora parece que é inverno no hemisfério Sul em janeiro também. Dois dias de tempo fechado, chuva e ventania. Dá vontade de perguntar para o camarada pousado no busto de Palas:

Prophet - said I - thing of evil! Tell me, will a week of sun bless again the shore?

Quoth the raven, "Nevermore".

Eita, essa vida... Continuem não esperando nada de mim no futuro próximo, se é que ainda esperavam alguma coisa. ;)