terça-feira, 29 de abril de 2008

Diálogo de um sábado à tarde

- Félix, posso te dizer uma coisa?
- Claro.
(ela senta do meu lado e olha nos meus olhos)
- Eu acho que você realmente ficaria muito melhor com o cabelo cortado...
(surpresa)
- Tu acha?
- Uhm. E a barba também.
(eu com expressão pensativa)
- Mas tem mulher que gosta de cabelo comprido.
- Ah, mas cabelo comprido não fica bem em homem...
- Será?
- Ó, só tem dois homens que ficam bem de cabelo comprido: Orlando Bloom e Brad Pitt.
- Hum... Já visse alguma foto minha de cabelo curto?
- Não.
(mostro uma 3x4 do segundo grau)
- Mas tais molecão nessa foto, hein?
- Faz tempo que o cabelo está assim.
- O problema é que tens o rosto fino e...
(papos técnicos sobre formato de cabelo e o que poderia ser feito com ele)
- Mas não acha que combina com meu estilo? Mezzo-metaleiro, mezzo-bicho grilo, largadão...
- Não, sem essa, ia ficar melhor curto. Ai, mas que vontade de cortar ele agora!!
- Eu já pensei em cortar, sim. Mas daí eu ia voltar a ter cara de nerd.
- Mas tu não é nerd!
- Ô, se sou! Só não aparento.
- Por que tu é nerd?
- Ah, porque eu faço coisas nerds.
- Tipo?
- Ah, eu jogo rpg... e gosto de jogo de computador... era viciado em revista em quadrinhos... e sabe aquele joguinho de cartas, Magic?
- Magic?
- É.
- Meu, eu jogava isso direto quando era nova!
- Fala sério!
- Sim, adorava! Devo ter minhas cartas em algum lugar ainda...
- Que demais!
- Se eu achar elas, até posso te dar...
- Humm...
(pensativo)
- Bem, se tu me der as cartas, eu posso até pensar em te deixar cortar meu cabelo...

Não se espantem se um dia eu aparecer tosquiado...

sábado, 19 de abril de 2008

A maravilhosa cozinha dos solteiros solitários III

Prato do dia:

Risoto à brasileira

Ingredientes:

4 ovos
8 fatias de mortadela
1 maço de salsa
óleo de soja
azeite de oliva
tempero completo para peixe
tempero completo com sal e pimenta
arroz a gosto

Modo de preparo:

Pique a mortadela e a salsa em pedaços. Em uma panela, frite o arroz com o óleo. Adicione água, a mortadela, os temperos e cozinhe até a água secar. Prepare os ovos numa frigideira anti-aderente, mexendo bem para os pedaços ficarem bem pequenos. Adicione ao arroz, junto com a salsa e o azeite de oliva, e misture bem. Sirva acompanhado de Coca-cola, para empurrar o troço pela garganta.

Dicas: o tempero completo para peixe pode ser substituído por curry, mantendo o arroz amarelado (é vital para o nome do prato). Se sobrar comida, é possível utilizar o prato como reboco nas obras da casa.

sábado, 12 de abril de 2008

Auxílio-balada negado!

E nada de aumento... Os ansiados 20% que tinham sido prometidos nada mais fizeram do que dar uma leve esperança para nós, pobres bolsistas. Pelos corredores sussurram a palavra que causa calafrios em qualquer um que foi petiano tempo o bastante: "retroativo"... E começa a tempestade de boatos: o aumento vem, no final do mês; o amuento vem, na metade do ano; o aumento não vem; o Lula vai entregar o aumento pessoalmente a cada bolsista; e por aí vai...

É, meus velhos, se tem uma coisa que a gente aprende na universidade pública é: só acredite no governo quando os números aparecerem na conta. Eu já sou escaldado, mas deve ter nego que se estrepou por conta disso. Será uma boa temporada para comprar geladeiras, máquinas de lavar e etc. quase novas a preço de banana!

domingo, 6 de abril de 2008

Adeus ao romance

Texto do Duelo de Escritores desta rodada (tema: amnésia). Conteúdo um pouco mutilado para favorecer a forma. Mas, como o usual, não ficou nem pra um lado, nem pro outro, mas em algum lugar indefinido no meio do caminho...

Não mais o mesmo ser, não mais como era viver. A lua segue a mesma, as estrelas estão no mesmo lugar. Mas não o observador. Alguma coisa está perdida, ou matada, ou morrida. Relatividade? Sim, não mais me alegro de verdade. Onde estão aqueles sonhos, o apressado bater do coração, a linda, amada e desejada doce depressão? Já eram. Au revoir, velhos amigos, divirtam-se no asilo. O mundo me ensinou que de utopia e devaneio o inferno dos poetas está cheio. Saturado, talvez. Há ainda algum modo não falado de poetizar um coração cortado? Sim, tão importante para quem sente, o sentido da vida em versos. Tão banal para quem lê, papel útil apenas para escrever no verso. Como dizia mesmo a música? Adeus ao romance, ao romantismo. Um homem pode mudar o mundo? Sim, sussurra o idealismo. NÃO, grita o pessimismo. Não mais morrer por uma idéia, não mais matar por um amor. A mente pode fervilhar, mas os membros estão lesos pelo frio exterior. Oh, merda, não é mais o brilho dos olhos que me guia o destino, mas amarelos dentes emoldurados por sorriso cínico...

Eu gostaria de poder ficar cego para tudo o que carrego. Aquilo que o mundo me mostrou, e que a chama interna mutilou. Fogo ou brasas? Não, cinzas e fumaça. Por que enxergar a facilidade com a qual abrem as pernas para fugir de suas trevas? Aqueles que, uma faca na mão e um sorriso complacente, disseram ao demente: "temos que levar em conta a nossa verdade deprimente!". Ver (e sentir, ah, sentir!) que um amor exposto não pode mudar o coração do outro, e que de jogos e mentiras é que se faz a vida. Eu gostaria de esquecer de tudo... Amnésia psicológica, e desta vez não alcoólica. Mas eu tenho os olhos bem abertos, eu sou cientista, eu sou cético. Após ter saído da caverna, as sombras deixam de ser só elas. Sei que só mãos e bocas que mudam o universo, só em prosa, nunca em verso. Corações e mentes? Limitados, dependentes. Me obrigo a ver as coisas como elas são, independente do que versa minha oração. Então heroísmo é egoísmo, e amor apenas reprodução. É por isso mesmo que eu queria uma lobotomia, ou qualquer outra cirurgia, de mente ou de espírito. Que me arranquem da cabeça esta maldita consciência. Me dêem a bênção da ignorância, esconjurando a pobreza e a ganância. E despido o conformismo, me façam verdadeiro, para reavivar o idealismo e - quem sabe - ser feliz por inteiro...

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Resenhas do dia - filmes em cartaz

Umas resenhas, que há tempos não davam as caras por aqui... Um comentário: o mangue que me desculpe, mas os cinemas do Iguatemi são muito foda. Os melhores que já fui aqui em SC, disparado (ainda não fui nos do Floripa Shopping para comparar). Perdão, jacarés!


10.000 A. C.

Quem viu o trailler, já sabe o que esperar do filme. É um daqueles onde o único momento cerebral dos produtores foi: qual cenário ainda não explorado vamos usar para entupir de efeitos especiais? Então tiram da gaveta o roteiro-modelo de aventura épica, preenchem as lacunas e pronto, aí está. Às vezes consegue ficar bom, em outras o resultado é medíocre (vide "Apocalypto" - um dos poucos filmes que não consegui assistir até o final). Mas vale a pena arriscar pois, no mínimo, se terá um pouco de diversão visual acéfala. Foi nesse espírito que fui ver "10.000 A. C.", e minhas expectativas foram satisfeitas. Ou seja, visual e cenas de ação, nada mais. E nem estas se destacam em meio à enxurrada dos últimos tempos. No resto, o filme chega até a ser tedioso em alguns momentos, nada de surpresas. E, claro, nunca custa avisar: veja o filme inteiramente como uma fantasia. Nada que lá aparece é histórico: animais em lugares e épocas erradas, tecnologias completamente fora de contexto, humanos primitivos com mentes e conceitos modernos. Em suma: não vale a entrada, a menos que você ainda se divirta incrivelmente com cenas de ação computado(pasteuri)zadas... NOTA: 6,0.


O Orfanato

Quando fui no cinema ver o filme acima, vi o cartaz de "O Orfanato", que nem sabia que estava passando. Gênero? Suspense, interessante. Li a chamada. Suspense sobrenatural? Melhor ainda. E daí vi o nomezão em cima do título. Guillermo del Toro? Opa, agora sim! Afinal, é o cara que foi responsável pelo maravilhoso "O Labirinto do Fauno". Mas atenção: é o truque que estão usando direto agora. Se o produtor é conhecido, botem o nome dele com todo destaque no cartaz, e o do diretor em segundo plano (sim, "O Albergue" não é do Tarantino). Mas tudo bem, se percebi e não fui enganado, pelo menos funcionou ao chamar minha atenção. E valeu a pena! A história é meio clichê, mas os elementos são utilizados de uma forma excelente. É igual a ouvir aquela banda anos 80 soltando um disco à moda antiga, mas com o som completamente revigorado. Não é de se colocar o filme num pedestal, entretanto: a primeira metade é muito parada, com alguns momentos tensos um pouco forçados (à exceção de um - ah, aquele menininho com saco na cabeça...). Mas ao se deparar com a aparição de nada menos que o Seu Barriga (não, não estou brincando! Mas o Chaves não aparece, infelizmente...), se preparem, pois é aí que a coisa começa a pegar. Segue-se uma cena extremamente tensa, mais algum drama, e depois um final simplesmente espetacular (e olha que sou calejado no tocante a finais de filmes de terror). Novamente, talvez nem tanto pelas idéias em si, mas pelo modo como são executadas. Um outro porém são as duas cenas finais, completamente dispensáveis. Mas são curtas e não atrapalham (e fazem o papel de explicar aos muito burrinhos o que aconteceu). Um mérito adicional é que, sendo uma produção não-hollywoodiana (o filme é espanhol), o filme possui alta qualidade estática, mas usa de pouquíssimos efeitos especiais para criar o suspense. Então, este sim vale a pena o ingresso, vá sem medo (se você gosta de suspense sobrenatural, é claro). NOTA: 8,5.

Life goes on...

É, galera, quem disse que trabalho teórico é moleza? 100 artigos para revisar, e olha que isso é pouco (há perspectivas de aumento na amostra). Além de tudo o que já li e ainda vou ler. Afinal, além de dizer o que tenho que dizer, tenho que dizer por que eu disse (sacaram?). E na base de tudo isso está explicar por que as escolhas morais mais basais das culturas humanas se apóiam em bases frágeis e deveraim ter outras? Pretensão? Ouié. Mas tudo o que é relacionado a ambientalismo contém uma dose de utopia e idealização. Afinal, é uma ideologia, não? E qual a base das ideologias senão as idéias? Depois a gente confronta elas com a realidade e vê como elas podem se encaixar...


Ah, agradeço ao pessoal pelo retorno positivo em relação ao "Vida Diária?". Graças a isso vou editá-lo e colocá-lo no jornal da biologia deste ano. É bom ver que ainda existe uma mente pensante tentando se desatolar do poço da preguiça...